Todos a procuram naquele canto do Rossio. É a ginjinha, a bebida que se transformou no ex-líbris de Lisboa. Pode beber-se a qualquer hora, desde que com moderação.
"Com ou sem?" é a primeira pergunta que se ouve. O espaço é pequeno. Não cabem mais de quatro pessoas ao balcão. "Ginja com tal virtude é difícil encontrar", lê-se numa das várias quadras que decoram o estabelecimento. "Não as conto, mas vendemos umas centenas", diz o senhor Fernando, empregado há 22 anos na "Ginjinha" do Largo de S. Domingos.
Os pequenos copos em que o licor é servido não param de bater no balcão. "Passo cá todos os dias", confessa um cliente. "Mas não bebo muito, só duas ou três. Venho conversar um bocado". Aqui bebe-se "Espinheira", marca "premiada com as mais altas recompensas nas exposições em que tem participado", lê-se na parede. Muitos clientes aproveitam a praça solarenga e trazem o licor em copos de plástico.
Curiosamente, ali bem perto, no número sete da rua das Portas de Santo Antão, é possível encontrar a "Ginjinha sem Rival". O cenário repete-se, embora ali ninguém fique à porta. A meio da tarde já o sol deixou de aquecer a rua. "Aqui tem outro sabor", confessa a senhora Lurdes, enquanto brinda com uma amiga. "E é melhor do que Baileys".
Como sem rival? "Não sei explicar, isso só a dona", responde o senhor Coelho. Vende ginjinha "Eduardino", a marca registada produzida no local. Em 34 anos "já vendi muitos litros", admite. Mais um cliente. "Com ou sem?". "Com!". O preço é o mesmo: noventa cêntimos, com ou sem ginjas no copo.
L.G.
[Produto de mais uma saída em reportagem]
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